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A mostrar mensagens de outubro, 2008

É prò nosso bem, está visto

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"O aval" , do blog «Arrastão: os suspeitos do costume». . Serei só eu, ou há qualquer coisa nisto dos 20.000.000.000€ que o Governo disponibiliza aos bancos que não cheira bem? À partida, a coisa parece simples, parece aliás clara como a água: para que os cidadãos não fiquem sem acesso aos créditos bancários e para que as poupanças familiares fiquem imunes a bancarrotas, põe-se de parte uma salvaguarda monetária a que os bancos, em caso de maior aperto, poderão recorrer. Mas, logo ( ainda ) à partida, surge uma série de dúvidas sobre os porquês e comos desta medida. Afinal de contas, este montante que o Governo destina aos bancos ( e que é mais de 11% do PIB nacional ) é proveniente dos descontos mensais dos contribuintes, essa canalha que justamente a banca muito alegremente espezinha diária e mensalmente - de resto, com a bênção do ( s ) Governo ( s ). Por outro lado, a discussão desta decisão centrou-se quase exclusivamente na necessidade de se disponibilizar uma verba;

Falta de qualidade ao triângulo, ou Uma coisa que tinha escrita e já nem me lembrava

___________________________________________________ É fácil perder a noção do tempo. É difícil definir noção de tempo. Duvido que haja uma ligação entre as duas coisas. Posto isto, e sem necessidade, digo que o que segue é coisa já com algum tempo. Velha? Talvez sim, talvez não. Nova? Talvez sim, talvez não. Há muita coisa difícil de definir. Uma delas é a utilidade de definir. ____________________________________________________ Ao que tudo indica, digo tudo mas podia dizer quase tudo, a falta de qualidade impera. E digo impera isoladamente, sem acrescentar nada mais, mas, em prol de uma maior precisão, achego que impera fundamentalmente no meio de comunicação vigente: claro está, a toda-poderosa televisão. Diz-se dela que é o quarto poder, mas não se enganem os que não vejam além da numeração presente na designação, só se diz dela que é o quarto dos poderes porque veio cronologicamente em último lugar, pois, em rigor, teríamos de a classificar de primeiro poder, sendo certa e comprov

Aguaceiro

Noite de aguaceiros. Os estores estão subidos, a janela está sendo fustigada pelos pingos grossos. A luz amarela dos candeeiros da rua dá às gotas pegadas ao vidro um corpo bestial. Observo a minha mão direita, as suas unhas e pregas, os riscos das juntas das falanges, seus pêlos e suas veias, tudo enquadrado na janela de luz amarela, tudo enquadrado como numa fotografia. Vejo tudo a preto e branco, tudo de papel, tudo irreal. Digo vejo , mas devia dizer olho . Olho, então, a mão. Olho, mas não vejo nada. Olho, mas já me esqueci da mão. Estou na cama, mas já não estou deitado, estou lá fora no telhado, a ver-me através do reflexo da vidraça, a ver a palma da mão quando ainda há pouco lhe via as costas, a ver-me olhar as costas da mão enquanto lhe vejo o branco da palma. Estou no telhado e chove cada vez mais, mas não estou molhado. Fico espantado ao dar conta de que não estou espantado. Nisto, viro os olhos para o interior do quarto e vejo-me já a dormir com a mão direita adormecida so

O cartaz

O PNR é, ideologicamente falando, tão "de extrema" como o BE (por exemplo). Efectivamente, o BE (por exemplo) é bem mais moderado nas suas intervenções públicas que o partido liderado por Pinto Coelho. De qualquer modo, reconhecer assento parlamentar a (por exemplo) um partido cujo líder diz seguir a linha de Trotsky é como que o avesso da proibição da expressão pública de um outro que defende, numa linha talvez fascista (e portanto inconstitucional), o fim da imigração - ou seja, ainda que este desfazamento tenha lugar em diferentes escalas e contextos e por agentes distintos, é, analisado do ponto de vista dos órgãos decisores, uma clara incoerência. Nada de novo, com efeito. É difícil estar de acordo com o cartaz afixado pelo PNR, sobretudo pela simplicidade da mensagem e da imagem e pela carga de preconceito porventura infundado em que parece basear-se. No entanto, a liberdade de expressão é, suposta ou propagandisticamente, um valor da sociedade democrática. Aliás, o pr