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A mostrar mensagens de março, 2009

Da poluição da atmosfera lisboeta

Olha os macacos, por exemplo. Os macacos. Os do nariz, sim. Experimenta caminhar aí uns trinta minutitos que seja aí pela Baixa, ou lá pelo Marquês, e isto para não falar de Saldanhas e afins. Pá, experimenta e vais ver. Quando deres por ti tens as fossas nasais forradinhas a burriés. Até te custa a respirar. O que, enfim, com franqueza, não tem só contras. Basta pensar nos deliciosos momentos de intimidade que, uma vez no conchego solitário do lar, terás só para ti e para o teu indicador (ou para o teu polegar, conforme te ajeites melhor). Em certa medida, tirar macacos do nariz é um bocado como fumar, naquilo que fumar tem de ritual. Ficamos como que contemplativos. Estou certo que muitas filosofias, inúmeras poesias, vibrantes ensaios, floresceram como camélias duns introspectivos minutos de falange em riste narina adentro. Já imaginaste o Fernando Pessoa a limpar o salão?

Vida depois da morte

"Talvez pensasse que o seu gesto de exaltada indignação lograria comover e pôr a tocar todos os sinos do universo, sem diferença de raças, credos e costumes, que todos eles, sem excepção, o acompanhariam no dobre a finados pela morte da Justiça, e não se calariam até que ela fosse ressuscitada." José S., em discurso, em dois mil e dois . Palavras há que a mais das vezes as usamos pelo que são de ideal, pelo que, não sendo, deveriam ser, e nem tanto pelo que, em verdade, aquilo que suposta e esmeradamente apodam é , mau grado o que tal implique em termos de inoperância e, até, desinformação, e não conheça a mais pequena correspondência com o dia-a-dia, essa referência temporal que, até prova em contrário, constitui a menos má das fontes para um hipotético Ensaio sobre a Realidade. . Paradigma disto mesmo é Justiça .