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A mostrar mensagens de agosto, 2009

Game boy

Terça-feira quente. A Avenida da Liberdade, forrada de prédios a toda a altura, atapetada de carros a toda a largura, abrasa debaixo do sol tórrido de Agosto. A atmosfera densa alia-se ao calor e traz os transeuntes transpirando. O barulho é rei todo-poderoso. A um par de metros de um banco borrado pelos pombos, na berma de uma das transversais da grande via, junto de um espaço livre entre dois carros, um janota de sua vintena de anos aguarda placidamente. Traja com brio, conforme o costume do sítio e da época. Jeans escuras de cintura ultra-descaída a exibir as cuecas e com a longa costura da perna a descrever um uu para a zona interior da canela, onde a calça afunila e cinge o tornozelo, mas sem bainha que se veja, à laia de fole. Ténis de pano e sola rasa, de marca conceituada; como, de resto, tudo quanto traz no corpo: a t-shirt à boys band, o relógio de grossa bracelete de pele, os estupendos óculos-de-sol, tudo a rebrilhar. A chave daquela expectante e curvada figura jaz-lhe entr

Hm, that´s not exactly the typpical polish executive anyway

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"On the surface, the Microsoft decision to Photoshop away the black executive was a rational choice. There are no black – and very few non-Polish – executives in Poland. Looked at another way, it has touched a deeply sensitive, but mostly concealed, nerve in Polish society." @ Belfast Telegraph

Dez ânus depois

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A denúncia da situação vivida actualmente em Timor-Leste feita por Loro Horta no Público (já faz uns meses...) é aterradora: elevadíssimas taxas de desemprego entre a população (de “80% em Díli”), um fenómeno crescente de prostituição infantil (“há homens que se deslocam nos seus carros e esperam perto das escolas”), entre outros, em curso paralelo com “ilhas de riqueza escandalosa, criadas pela recente bonança do petróleo” – sendo que a miséria de uns parece estar na razão directa da abastança doutros. Diz Loro (o itálico é meu): “depois de 24 anos de violações e humilhações às mãos do Exército indonésio, as filhas de Timor vêem agora os seus próprios líderes e autoproclamados libertadores virarem-lhes as costas ”. Não obstante o dispensável eufemismo acerca da acção dos actuais governadores timorenses – que igualmente violam e humilham –, julgo que Horta toca num dos pontos nucleares deste problema; isto é, quanto à continuidade do miserável estado de vida das gentes de Timor-Lorosae

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Não ter o juíz da partida, aos 4´ da primeira parte, apitado penalty a favorecer o Sporting foi uma bênção divina para os atletas do emblema do leão: daquele minuto em diante, o céu desanuviou-se-lhes nas mentes, as negras nuvens dos tempos regulamentar e de compensação, das flash interviews e das conferências de imprensa afiguraram-se-lhes leves como penas, livres de julgamento e responsabilidade: “o árbitro não marcou o castigo máximo, temos desculpa”, entoavam-lhes aos ouvidos, num coro celestial, todos os anjinhos das mil crenças humanas. Ainda os rapazes de verde e branco rejubilavam nestas auroras e já um bracarense metera uma na gaveta do jovem luvas. Mas nada que abalasse os assegurados jogadores de Alvalade: a grande penalidade não assinalada era a remissão completa. O jogo desenrolava-se sem grandes sobressaltos, numa paz de igreja, "é deixá-lo correr", quando um estouvado suplente embica de pé de esquerdo o tento do empate (porventura de cabeça perdida de amores e

Os Mépes

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A imagem é sobejamente conhecida da produção cinematográfica de Hollywood: um employee demite-se ou é demitido do seu job e logo torna ao office munido de um caixote de cartão e packs as suas stuff ... Era esta a imagem que eu trazia na cabeça hoje de manhã, enquanto rumava ao emprego para demissionariamente arrumar as minhas coisas. Na gaveta da secretária, no meio da tralha do serviço, encontrei um pequeno recorte que tinha feito por alturas das eleições europeias de um folheto do MEP, Movimento Esperança Portugal, cuja sede é lá vizinha, na Rua da Madalena. Rezava assim a propaganda: "(...) Reforçar a coesão social e territorial, porque a Europa se construiu a partir da troca, da partilha e da interdependência. Nós sabemos que quando se divide multiplica-se, e esta certeza histórica, de que os mais ricos foram capazes de partilhar com os mais pobres e todos cresceram , obriga-nos a uma aposta ética e estratégica para tornar a Europa uma realidade de unidade na diversidade. (

Bush, cornos & outras metafísicas

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“Eu sei que o ser humano e o peixe podem coexistir pacificamente.” “Estas pessoas não têm tanques. Eles não têm barcos. Escondem-se em cavernas. Mandam suicidas para fora.” George Walker Bush. A propósito do que quer que fosse, num dia qualquer, algures. A) Estará certamente entre os maiores mistérios do novo século: por que raio foi George W eleito (e reeleito) presidente dos Estados Unidos da América? (1) No breve preâmbulo ao livro “Bushismos” (3€, no Modelo), mero inventário de disparates do Bush filho, uma hipótese é aventada: “Cremos que nas modernas democracias se acentua a tendência para a igualdade entre o eleito e os eleitores, e que estes tendem cada vez mais a eleger aquele com o qual mais se identificam, porque se igualizam. Nesta hipótese, o discurso de George Bush corresponde ao nível médio do discurso dos eleitores [sic] americanos, que dificilmente se aperceberão dos problemas do seu Presidente, pois nem estão educados, nem têm paciência para ouvir com atenção, nem tê