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A mostrar mensagens de julho, 2010

Da leitura

Que, sendo a Leitura um soltar d´amarras ou uma ponte de luz, se empenhem os líderes na sua proibição? Não, obviamente. Olha pra trás: sabes bem que isso (a proibição) não resultou. Olha em volta: fomenta-se (aos guinchos) a leitura. Mas a má: a leitura de capa, a literatura de mercado, a escrita-mercadoria.

"Subufaro" é muita bom, pá

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Eu futuro, tu futuras, ele futura (2)

16/Novembro/2010: PS e PSD sem acordo nas SCUT adiam cobrança de portagens para 1 de Dezembro.

Eu futuro, tu futuras, ele futura (1)

11/Outubro/2010: Maniche volta a integrar a lista de convocados da Selecção Nacional.

Do condicionamento

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"Aprendemos uma língua em criança e, se mudarmos de ambiente linguístico, podemos aprender uma segunda língua. Mas subsiste um sotaque, que não é senão o vestígio, muito profundo, dos primeiros circuitos culturais que se formaram no nosso cérebro aquando da nossa primeira aprendizagem da língua oral." As palavras são de Jean-Pierre Changeux, cientista francês, em entrevista ao Público. O especialista em neurobiologia molecular defendia assim a importância de uma educação laica, que permitisse "a cada um ter os seus sistemas de línguas, de crenças, etc." (e, no entanto, não será uma educação laica igualmente, e inevitavelmente, condicionadora?) Por outro lado, e à luz desta lógica de aprendizagem, parece certo que aprendemos também um sistema político, uma religião, um quadro ético, um modo de estar no mundo. Parece certo, assim, que o condicionamento (quero dizer, o por assim dizer substrato do "sotaque", do "vestígio profundo dos primeiros circuitos

Declaração de voto

Não acredito na "pedagogia pela catástrofe", nas "conexões imperativas entre a desgraça e entendimento" ou nas "energias didácticas e transformadoras da opinião que irradiam das tragédias" defendidas por Sloterdijk e citadas por Gonçalo M. Tavares no seu comentário póstumo à obra de Saramago ("Nos livros de Saramago, o apocalipse não é o fim, mas o primeiro dia."). E não acredito porque, em termos absolutos, não tenho esperança na Humanidade; porque penso que, derradeiramente, é a dimensão colectiva do Homem aquela que define e determina a sua acção e a sua impressão, por sobreposição à sua actuação individual, essa sim muito mais inspiradora. Ao invés, alinho-me com a «não-inscrição» de José Gil - aliás dia após dia reforçada - ou pelo menos numa intermediação e condicionamento do potencial pedagógico das tragédias (para usar a mesma expressão do ensaísta) por parte de uma entidade exterior e anónima que, para facilitar a comunicação, muitas vez

(sem título, porque há alturas na vida de um gajo que não vale a pena)

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Senão vejamos: as ideologias supranacionais que nos governam aos diferentes níveis do, 1) colectivo, e 2) íntimo, e que têm em cada executivo nacional o seu núncio de serviço, berram alto e bom som, com a pujança dos evangelhos: FORNICAI E MULTIPLICAI-VOS. . O amontoar de gente dá um jeito dos diabos, seja para dar azo aos caprichos burocráticos e legislativos das administrações públicas, seja para desencorajar o sentido crítico & a espontaneidade, seja ainda para enquadrar e até tornar necessárias barbaridades como o trabalho assalariado, os impostos ou a escolaridade obrigatória. Gente com fartura conduz à centralização, a centralização homogeniza e fabrica anonimato, o anonimato dos homogeneizados dá à luz a crítica má (coitadinhos, não têm culpa) e a crítica má dá cabo da crítica boa. Finalmente, por sua vez, sobre os escombros da crítica boa, erguem-se viçosos os democráticos governos democráticos. Forniquem mais, dizem eles. E logo vem a Estatística. A, chamemos-lhe assim, «d

Antes da final, as minhas escolhas

11 ideal: 1 GK Eduardo (POR) 2 DD Lahm (ALE) 3 DE Fucile (URU) 4 DC Friedrich (ALE) 5 DC Puyol (ESP) 7 MD Muller (ALE) 8 ME Robben (HOL) 6 MC Xavi (ESP) 10 MC Sneijder (HOL) 11 AV Fórlan (URU) 9 AV Klose (ALE) . Banco: GK Enyeama (NIG) DD Maicon (BRA) DE Coentrão (POR) MC Schweinsteiger (ALE) ME Ayew (GAN) AV Villa (ESP) AV Messi (ARG) . Notas adicionais: Robben e Sneijder corporizam, simultânea e respectivamente, a galáctica estupidez do Real Madrid e as excelentes épocas de Bayern e Inter. As selecções sul-americanas - de ligas emigrantes - encurtaram terreno à tradicional hegemonia das selecções europeias - de ligas imigrantes -, ficando por apurar o peso dos fracassos de Itália e França ou as prestações apesar de tudo medianas de Brasil e Argentina. Finalmente, um pouco à imagem de outras indústrias da acção humana (como a indústria automóvel ou a musical), notam-se cada vez menos as, por assim dizer, características típicas das diferentes nações, que derivariam da gen

Do Homem & outras coisas mais

O Homem é o último reduto da Esperança em Si mesmo. Não fosse esta construção suster-se à custa duma estrutura moral que pretende que uma realidade espontânea (ou o que de mais próximo do ideal do termo existe) pode ser sujeita a qualquer tipo de condenação a posteriori, e teríamos aqui um bom prato de Conversa. Ah, isto para não dizer que a ideia corporiza um contra-senso esclarecedor: pois que a matéria-prima do desatino é tida como a indústria transformadora da solução. Mas vejamos: para quê essa Esperança? Eis o que somos, aqui nos temos, não há como não gostar. Até porque não é de orgulho que se trata. Não pode ser. Numa palavra, não passamos de burlões de nós mesmos. A consciência tranquila é um património necessariamente privado, do foro íntimo de cada qual. No domínio público só há espaço para o desespero, para a decepção e para a mais vanguardista hipocrisia. É o que lá se dá, em suma. Depois, há que ver que os homens que pensam e escrevem o Homem fazem-no olhando para trás, o