Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2013

Da greve dos professores ao exame de Português dos 12.º anos (em parceria - não tão 'estreita' quanto eu desejaria - com a Rita)

Quando a opinião publicada, muito afoitada às roufenhas declarações dos sindicalistas profissionais, trata de propagar a ideia de que o ME deveria ter adiado o exame de Português dos décimos-segundos anos, então quaisquer hipóteses de tirar de debaixo dos escombros alguma lógica ainda com vida ficam boamente postas de lado. Mário Nogueira, cara da FENPROF e braço da Resistência do Bigode luso, desgraçadamente em agonia nos nossos escanhoados dias, defendia a requintada tese de que os acontecimentos de ontem, nomeadamente a apresentação por parte da tutela de uma nova data para os milhares de alunos que ficaram sem realizar o exame, eram prova de como estava ao alcance do ME desde logo remarcá-lo e, assim, "evitar a confusão nas escolas". A ideia é a tal ponto absurda, de tal maneira um contra-senso, que uma palavra me preenchia a mente à medida que os microfones da rádio me faziam chegar a voz do sindicalista: perversidade. E, note-se, em doses cavalares. . Mais difusamen

É perigoso, este sol

Foi enquanto ajeitava a rocha da cadeira da praia ao espaldar do invólucro de pele da espinha. O sol faíscava grosso no canto superior esquerdo da moldura do dia e eu sentia a carne salgada da face a querer encarquilhar. Foi enquanto me ajeitava para ler e me sabia encarquilhado de cara. O som indistinto que há largos minutos se encaracolava no pesado resfolegar da praia ganhou nitidez da mesma forma que ganham nitidez os contornos ásperos dos cactos dos canteiros do quintal da casa da minha mãe através da objectiva minuciosa da minha máquina fotográfica e então distingui a frase - Este sol é perigoso. Uma mulher e um homem mais novos, outra mulher e outro homem mais velhos e uma bebé desacasalada. A mulher mais nova e o par de velhos eram os vértices bicudos dum triângulo isósceles apontado à bebé, que lhes guinchava nos solavancos da areia as ordens torrenciais que, com a potência surda de uma mão biblíca, comandavam a cruzeta da marioneta de cada um. Donde me encontrava, por pouc