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A mostrar mensagens de maio, 2012

Quarta-feira

Subo já daqui directo a algum sítio. Qualquer. Para que, vendo-me por fora, fiquemos a pensar que sei para onde caralho vou, para onde caralho quero ir. Não parar. Não abrandar. Como tivesse ond’ir. E horas. Uma finalidade. Mesmo que mentirosa. . Minha caligrafia não é minha, mas de minhas mãos. Minhas mãos não são minhas, mas de meus braços. Meus braços não são meus, mas de meu tronco. Meu tronco não é meu, mas de meu corpo. Meu corpo não é meu, mas dos outros. . A matéria disposta como pretensa denúnica, o estilo urbanizado, populoso, como jorro de porcas  & parafusos, um escrever palavroso, adolescente. Começa assim. Depois muda. Muda o conteúdo, o outfit, o layout, a maquilhagem. Caem as coisas complicadas; prevalecem as simples. Como o amor ou a felicidade. Não há aqui espaço à ironia. A ironia não ocupa espaço, como se diz do saber. A ironia é o espaço, a sala-de-estar, o cosmos, o útero. A ironia é tudo e então não lhe reservo espaço: onde já se viu,

Estas meninas gordas

São estas meninas gordas que inspiram o amor aos meninos normais. Não à tona dos olhos ou à superfície dos dedos, mas no fundo mais fundo e inacessível do peito, e por dentro do sexo, por trás do esperma. São elas porque talvez estas meninas gordas gozam da liberdade fornecida pela gordice: o falhanço antes mesmo da tentativa. Nada a perder: tudo já perderam. Os meninos normais ouvem muito estas meninas gordas e esquecem-se das roupas, dos factos e dos pequenos futuros. Fixam-se somentemente nos lábios doces e ricos destas meninas: no seu desenho, no seu molhado, na sua promessa. Estas meninas gordas não sabem amar. Subvivem só das fatias de tempo que a custo vão debicando dos meninos normais. Não sabem amar: desconseguem de acreditar que um menino as pode normalmente amar.