INTERNACIONAL INCONCLUSIVISTA

- Está mal o nosso país mandava, para dar o mote. Aguardaria. Certamente alguém iria reagir. Certamente concordante. Certamente iria ter mais uma hipótese de observar aquele balançar de cabeça em anuência, aquele olhar sabido, de sobrolho afectado, aquele esgar instantâneo, já repetido, representativo da impotência perante a inegável realidade. Proclamaria ainda - Isto tem que dar uma grande volta . Uma pequena mudança das expressões verificar-se-ia, certamente: o aceno de cabeça seria mais pronunciado, as pálpebras ficariam levemente cerradas, as pestanas bem puxadas em arco para o meio da testa enrugada, a boca ainda emudecida de lábios quase inexpressivos, sem os cantos arrebitados. Não me quedaria por ali, insistente, e acrescentaria - Que há a fazer? Certamente, iria poder observar o ar a ser expelido por entre os dentes e os lábios, as cabeças a bambolearem um pouco para trás e para um dos lados em movimento semi-circular, os olhos a ganharem aquele brilho de gozo em

Five gameweeks have now gone since the last article. It’s the day before GW13 deadline and I’m feeling good. Finally! , I should add. October was a very – very – tough month for me, scoring always below average, except for the one time in GW8 when I managed to brilliantly match it – with a staggering score of 36 points. By then, I had played my Wildcard already (did it in GW7) and things were looking pretty nasty. At the start of that GW8 (let me stress it – one week after I wildcarded), I was without four of my players: two suspended after being sent off and two freshly injured. What have been a cloudy start of the season was now turning into a pretty stormy third month, with no signs of real hope on the horizon. But November came. The first days of the new month saw my team beating the average (at last!) and going past the 60-points mark – which was good. Not enough to beat my mini-league competition, still, and this was while seeing a combined 7-minute duo in Otamendi (1’) and C

Um casal que aqui passou vindo da esquina. Vinham de mão dada, ela na dianteira. Ele dava para o gordito e era careca, desses carecas só de cocuruto e franja, a toda a volta do crânio uns fiapos de cabelo ainda visíveis, ralos e translúcidos, enfim, uma negação de qualquer ordem. Ela era discretamente agradável, tinha umas feições regulares e umas cores, do cabelo, dos olhos, da pele, sadias. Denotava brio na toilette, os tecidos ricos e largos em tons de terra todos aprumados em negligências calculadas. Mas ei-los que saem já do café, as mãos ainda dadas, despacharam a bica enquanto, sentado na esplanada, lhes refazia a imagem de memória, e ela continua na frente, ele vem meio-braço atrás, à laia de atrelado. Ela leva o queixo lançado, dá passos decididos, trá-lo, objectivamente, pela mão. Enquanto eles se afastam, dou por mim a pensar que ela está com ele porque se sente mais bonita ao lado de um homem que não o é. E vou imaginando-a crescendo sem compreender a falta de reconhecime

After the final day of last season and following what is, it seems, a regular exercise amongst the FPL content producers I usually listen to (Fantasy Football Scout and Let’s Talk FPL), I made a reflection on lessons learned. I actually pointed down some topics in a paper sheet and during my pre-season tinkering I ran it through a couple of times to try and structure my team making the most out of my experience over last year, which was, necessarily, also the result of all my precedent FPL years. Five gameweeks into the new season and I gladly see I respected the lessons learned list almost completely, the exception being when I brought Martial in in GW3. That meant I didn’t learn from one of the lessons: «avoid injury-prone players» . Martial ended up playing just once for my team, as GW4 found him injured already. Complaining about the irony, injustice or sheer bad luck of this event – “Now that I got him in, he’s injured!” – seems foolish when facing the lessons learned sheet. I s

It’s remarkable how predominant the memory of the bad decisions can be. It’s as if I could recall all the 50-50 decisions I got wrong ever since pre-season and simultaneously forgot, ignored or devalued all those I actually got right. This is certainly linked to the strongly superstitious facet of my managerial self (an attribute I actually related to the game itself in my precedent text). But there’s more to it. One could even say it’s some sort of a dissatisfaction. And a dissatisfaction that is seemingly independent of objective criteria: the fact is one can have a great gameweek, largely beating the average and overscoring all the private league’s competition, and still think – “Oh, if only I benched Salah instead!...” – if that means an additional point. There’s a psychological effect to this that one should not lessen. The game is, or should be, about having fun. And such dynamic is often depressive. Using such a word - «depressive» - in the context of a mere FPL chronicle will

Daqui a menos de uma hora terá início uma greve de motoristas de pesados de mercadorias. Desde há semanas a esta parte que este 12 de Agosto tem concentrado doses cavalares de expectativa. Enquanto fenómeno mediático, esta greve é algo de absolutamente inédito. Há vários dias que este assunto está, na gíria jornalística, no “topo da agenda”. E não é só o destaque dado pela quase totalidade dos meios de comunicação (em especial nas televisões, meio por excelência para este tipo de espectacularizações primárias), é o envolvimento profundo e diário das mais altas figuras do Estado, dos ministros das tutelas ao próprio António Costa, passando pelo inefável Marcelo. Gostava de pegar justamente por aqui: porque é que este protesto tem tido este tratamento? Porque é que esta luta corporativa tem merecido tamanha valorização? Um conjunto significativo de factores parece concorrer, em adição e complementaridade, para esta realidade. Desde logo, o seu timing : estamos simultaneamente na silly

Pre-season is, by definition, the time of speculation. The transfer rumors, the contract talks, the new arrivals, the promoted sides, the managerial changes – there’s a lot to speculate about. And there’s never been shortage of speculators in FPL land. The truth is it is great to speculate. The dilettante in me adores it. But, as weeks go by, the certainties one firmly declares in an earlier stage of pre-season (speculation is a territory of self-believe, very much due to its perfect unaccountability), slowly but steadily turn into doubts – doubts that grow deeper and darker by the day as GW1 deadline approaches. Because, really, FPL is a game of superstition. All FPL managers are profoundly superstitious. Take me, for example: in this year’s first draft, in late June, mostly for purposes of team structure and funds spread, I got Jamie “Legend” Vardy in my squad; not that I was sure of starting things off with him in the team, but the truth is I kept him in for days, despite my relen

Aqui há dias fui convidado para deixar um pequeno testemunho numa iniciativa da minha escola. A ideia era muito simples: partilhar, numa intervenção de uns três minutos, a minha experiência de estudante, contemplando sucintamente os contextos do modelo de ensino, da escola e do curso. Num primeiro olhar, dir-se-ia que os caminhos a percorrer em tal acto são muito concretos e previsíveis. A brevidade da comunicação, o seu objecto específico, o próprio contexto (não isento de estranhezas e formalidades), tudo sugeria uma certa banalidade de conteúdo e uma dada contenção de forma. Se a isto somássemos a minha falta de costume nestas andanças e uma relativa escassez de tempo para uma reflexão maturada sobre o assunto, seria talvez razoável esperar que qualquer pessoa que minimamente me tivesse acompanhado neste percurso conseguisse, nos seus traços gerais, prever com sucesso aquilo que seria o meu testemunho. Não era o caso, mas fosse aquela uma ocasião que encerrasse em si o potencial d