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A mostrar mensagens de outubro, 2021

A ditadura da (vacinação) COVID-19

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1. Qual é a melhor maneira de descrever o grau, ou o tipo, de obrigatoriedade da vacinação COVID-19 na generalidade dos países ocidentais? Trata-se de uma obrigatoriedade indirecta ou de uma obrigatoriedade velada?   Subentendida ou oficiosa? Envergonhada ou desavergonhada? Prática ou por inerência? O fenómeno levanta, como se vê, questões semânticas de alevantadíssimo interesse. Note-se, porém, o seguinte: a discussão será sempre, sejamos francos e rigorosos, a da adjectivação da obrigatoriedade. Porque que é obrigatório não se discute. 2. Em Portugal tivemos o uso generalizado do chamado «certificado». Só os cidadãos com certificado (leia-se, os cidadãos certificados) podiam, por exemplo, jantar no interior de um restaurante entre sexta-feira e domingo ou, outro exemplo, pernoitar numa unidade hoteleira. Havia, bem sei, a alternativa do teste negativo, mas o essencial é isto: a cidadania conheceu (conhece ainda) uma hierarquia: os que têm certificado e os que não têm certificado. A

O OE para 2022 e duas notas para memória futura

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Foi hoje feita a apresentação pública da proposta governamental para o Orçamento do Estado do ano que há-de vir. Ouvi, em directo, com toda a atenção. Mas, depois de um preâmbulo arrastado em que Leão, monocórdico, descreveu um mundo paralelo para onde seria bom emigrarmos todos (onde os hospitais têm médicos e enfermeiros até ao tecto, onde as famílias dão um pontapé numa pedra e saem de lá milhões em poupanças), logo os indexantes, os rendimentos colectáveis, os englobamentos, os PEC e os IEC e os mais que nem fixei - me deram um nó. E fui progressivamente ficando como alguém que se inicia num novo idioma e se aventura já numa primeira conversação: depois das saudações iniciais, que fazem tudo parecer tão fácil, fui perdendo o fio à meada e fui caindo na real: ainda não sou proficiente nesta língua estrangeira. Porque é de um sentimento de exclusão - um sentir-se estrangeiro - que se trata. O assunto é necessariamente técnico, não discuto isso. Mas não bate certo. Feitas as contas, é

Um povo que se demite em bloco

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Há umas semanas atrás, o alerta que se segue teria sido percepcionado e veiculado nos media como "sinal claro" de "relaxamento" e "incumprimento" e teria levado especialistas e cidadãos comuns a defenderem a "necessidade urgente" do "endurecimento" das medidas de controlo da pandemia. Mas o tempo é já o de um pós-pandemia qualquer. E a precariedade histórica, sistémica, estrutural do SNS - reduzida ao longo de meses a produto exclusivo dos "relaxamentos" e dos "ajuntamentos" - voltou ao seu lugar costumeiro nos alinhamentos dos telejornais: ensanduíchada entre a última guerra intestina do CDS-PP e os golos dos jogos de futebol da véspera. Setúbal, Faro, Évora, Vila Franca de Xira - a lista aumenta a cada novo dia. Entretanto, discute-se o Orçamento do Estado. E, depois de mais de ano e meio de crise sanitária, de uma segunda "gripe espanhola", de #vaificartudobem, #fiqueemcasa e o diabo a sete, de bocas che