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A mostrar mensagens de novembro, 2008

Sou a favor da pena de morte (por enforcamento)

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Em sentida homenagem àquele sujeito que estava sempre a ver a bola no República, eu, perante o que jaz abaixo, diria: como é que isto é impossível? . (clique na imagem para ampliar) . Isto parece uma caricatura. O empregador quer tudo: licenciatura, experiência mínima de 15 anos de trabalho para e no Egipto, fluência em árabe e, por não ser específico nesse parâmetro e pelas características da função em questão, horários e folgas rotativas (neste particular, como é apanágio e como impõe a lei da procura turística, nas contas da rotação de folgas não entram fins-de-semana e feriados). Perante estes requisitos, o que é que o empregador oferece como remuneração? Uns magníficos 534€! É estupendo, não é? Mas, para não dar azo a ironias de maledicentes que são, isso sim, uns calões que não querem trabalhar e que não sabem o que a vida custa porque os paizinhos sempre lhes providenciaram tudo e mais alguma coisa, o empregador achega ao espectacular ordenado um não menos sensacional subsídi

Os alvos que interessam

Será que o alvo dos atentados em Bombaim foi realmente "a presença ocidental" na cidade? O fundamento de tal assunção é tão válido quanto o desta: os responsáveis por estes ataques visaram os locais que mais provavelmente lhes dariam visibilidade a nível global (e não só local). A visibilidade é concerteza fulcral num crime desta índole. E este cálculo de visibilidade tinha logo à partida uma margem de erro muito reduzida, tendo em conta os critérios da cobertura a acontecimentos passados, como ao tsunami ao largo da Indonésia ou, num sentido quase diametralmente oposto, o terramoto no coração do Paquistão (que, por sua vez, interessa comparar ao atentado no Marriott , na capital do mesmo país). A frequência de ocidentais nos locais atingidos era portanto uma variante da equação que não podia ser descurada. E isto desmente, em certa medida, a visão veiculada pela comunicação social do lado de cá (geografias à parte), a qual comecei por citar (nota ainda para a seguinte

Algo de errado se passa.

Algo de errado se passa. (O quê, em rigor – de tanta coisa – nem sei bem. Mas) Digo-o com toda a sinceridade e determinação, com um arrufado sentimento de missão à mistura, como se dependesse unicamente de mim, num fardo hercúleo sobre os meus inexperientes ombros, todo o futuro da nação portuguesa: algo de errado se passa! Tenho que denunciar este crime hediondo. Tenho que trazer luz a esta sombria hecatombe, repetidamente dissimulada sob os focos de Suas Senhorias os estúdios televisivos, sob as tribunas de Suas Sumidades os nossos representantes, sob as indecentes camadas de pó-de-arroz de Suas Excelências as nossas vedetas! Ou muito me engano, ou todo este meu apreciável esforço já vem fora de tempo. Ou muito me engano, ou já nos encontramos afundados por completo no peganhento lamaçal da nossa corrupta e bafienta sociedade. Ou muito me engano, ou já é tarde de mais! Oh! e a virulenta censura a que serei sujeito e a perseguição mortal em que me verei protagonista, e o ataque rancor

Não sou, nem gostava de ser

Não sou crítico musical, muito menos músico. O meu conhecimento da matéria é quase nulo, à parte duns títulos de alguns temas, uns nomes dumas bandas, umas poucas de letras, outros tantos álbuns. A minha colecção pessoal é relativamente pequena - ainda que muito variada - e sou filho pródigo da geração que colocou a pirataria ao nível que ela merece: para contar os CD originais que tenho bastam os dedos das mãos e dos pés (sobra o mindinho do pé esquerdo). Sem embargo, não há quem me convença de que Incubus é new metal , conforme é veiculado por alguma imprensa nacional (particularmente nas vésperas das escassas visitas da banda a Portugal). Não compreendo a classificação. Ou sou realmente pouco culto nestas ciências, ou então a feitura duma compartimentação destas dispensa o conhecimento total da discografia da banda em questão. Afinal de contas, a criação dos californianos não se esgota em Morning View ou Make Yourself. A sua abrangência de estilos e incursões é surpreendentemente v

Corsários negros

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Do mesmo modo que vejo o terrorismo sobretudo como uma prática decorrente de uma injustiça primordial e um meio efectivo e desesperado de luta ao alcance das vítimas dessa injustiça, penso que a pirataria é sobretudo uma resposta igualmente extrema à subjugação que, no caso da Somália, sempre foi imposta àquelas gentes em especial desde os finais do século XIX. Uma reportagem do Público de sexta-feira passada em Haradhere dava conta de que, para os somalis daquela pequena cidade costeira para onde foi levado o gigante Sirius Star (símbolo supremo dum dos maiores cancros da sociedade industrializada), os piratas representavam fonte de comércio, emprego e, mais importante, comida. O bloqueio naval proposto ontem pelo director-chefe da toda-poderosa Intertanko , e felizmente posto de parte pela NATO, prejudicaria, em primeiro lugar e à imagem de outros embargos exóticos, a população local. A este propósito seria pertinente questionar sobre em que contexto floresceu a pirataria. Nesta

Reencontro

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Ontem peguei novamente num Sherlock Holmes . A princípio hesitante, pensando que a leitura daquele título já não me iria cativar, rapidamente me reencontrei com o velho Watson, com o imperturbável Holmes, com o acolhedor 202 de Baker Street e, psicologias à parte, comigo mesmo – ou, pelo menos, com uma parte de mim mesmo. Em rigor, não sei bem qual; e talvez isso pouco importe. O sentimento foi, com efeito, de reencontro – e isso chega-me. Aqueles que foram os contos que verdadeiramente me iniciaram no imenso prazer de ler não têm para mim qualquer segredo. Li-os de lés a lés, e muitas vezes ( mesmo muitas). Sem surpresa, assim que comecei a ler, a páginas duzentas e vinte e oito, um tal caso chamado “A Escola do Priorado” (que escolhi ao acaso), lembrei-me quase imediatamente de toda a acção da história e dos seus protagonistas. E, simultaneamente, lembrei-me de quando a li pela primeira vez. Recordo-me bem que me apetrechava de uma bela fatia de bolo de noz ou de biscoitos de cane

Ainda a manif dos profs

Por motivos que a nossa redacção ainda tentava apurar à hora do fecho desta edição, só hoje vieram a público declarações de alguns dos professores mais mediáticos da nossa praça, recolhidas justamente na mais mediática das nossas praças, a Praça do Comércio, em Lisboa, aquando da manifestação que juntou 40 mil professores e 80 mil familiares e amigos contra o sistema de avaliação da classe docente proposto pelo Ministério da Educação . Conforme extraímos da leitura atenta do e-mail que fonte segura nos fez chegar com uma digitalização de boa qualidade do diário gratuito Destak, que citava a Agência Lusa, a qual, por sua vez, recorria ao telex da Igreja Universal do Reino de Deus (que tem, como se sabe, instalações num prédio na Rua da Prata e que, como tal, viu tudo), as queixas dos professores ali reunidos, ao contrário do que alguma imprensa, com declarada má-fé, anunciou, não se limitavam somente ao modelo de avaliação a que estão sujeitos. "Exerço a minha profissão há vários

Da manifestação de professores

1 Ao cabo de longos meses de desatino entre sindicatos de professores e Ministério da Educação, eis que se reúnem no Terreiro do Paço nada menos que 120 mil docentes, num protesto que, até pelos números apresentados, é tudo menos habitual na nossa domesticada e caseira sociedade. Sem embargo, o respeitável número da manifestação da passada semana não deve, em verdade, ser confundido com uma prova de razão que, por mais simples e infantis sejam os porquês e comos dum confronto, nunca é pertença exclusiva de um dos lados. 2 De resto, acho já algo injustificada e desproporcionada a contestação da classe docente acerca de um modelo de avaliação de professores que, em abono da verdade, não teve ainda tempo para amadurecer e melhorar. Além disso, não tomei conhecimento de qualquer proposta concreta para um novo modelo apresentada pelos professores ou pelos seus representantes sindicais [nota: ao que parece, os conselhos directivos de algumas escolas já apresentaram modelos alternativos ao M

Fragmentos IV

(...) A maioria absolutista, apresentada amiúde como fenómeno de estabilidade e legitimidade duma governação democrática, indiferentemente dos seus resultados práticos, é só mais um caso, rapaz. Vejamos, por instantes, o caso do «não» irlandês: enfim, não fez, com efeito, História, daquela d´H grande, mas, porventura até por isso, importa sobremaneira destacá-la: é que a opinião publicada foi desfavorável, de-cla-ra-da-men-te desfavorável. O rumor que se fez ouvir foi de impaciência pla impertinência da coisa, plo imbróglio criado, "após anos de, sic, defíceis e complexas negociações". Agora, de quando em vez, lá algum Lobo manda uma acha para a fogueira onde nos querem queimar, e alguns há que lhe passam Cavaco. Talvez que isso seja, em certa medida, um reforço do que te venho dizendo. Certo dia li que a democracia, presente hoje, futuro à época, se encruzilharia inapelavelmente nas questiúnculas partidárias e seus interesses mesquinhentos, e que, em virtude disso, o interes

«A Esperança», ou «Uma ode ao Pacote turístico»

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Prezados Colegas de Sector, . Dirijo-me solenemente a Vós num período de especial sensibilidade do nosso adorado sustento. Não o faço por desfastio, tampouco guiado por um certo alarmismo reinante. Faço-o, creiam-me, com o coração nas mãos . Enquanto dignos embaixadores da nacional panaceia, enquanto esmerados profissionais da tábua de salvação da Pátria, enquanto combatentes na linha da frente da heróica batalha pela conquista das divisas estrangeiras, enquanto missionários da Palavra de Licínio e dos evangelistas de Aveiro e do Estoril - temos fortíssimos motivos para estarmos profundamente preocupados com o rumo da nau que, dia após dia, jamais vacilando, com bravura e pujança, fazemos vogar os mares do Mercado, em prol da Hotelaria e das Viagens, em louvor do Patronato e à custa do Turista - amén . Essa ditosa missão que o Divino nos reservou, essa Lusíada que com sapiência e sangue-frio temos levado a bom-porto, e para a qual, irrepreensivelmente, através das suas laboriosas cape

Posta de Pescada III, por Bruno Henriques

À noite todos os gatos são pardos. À noite os tímidos são audazes. À noite as pessoas sacodem as suas preocupações em movimentos frenéticos nas pistas de dança. À noite as pessoas dissolvem em soluções etílicas o nó que lhes aperta a garganta. À noite vomitam-se angústias ( www.semtinela.blogspot.com ). À noite escrevem-se textos como o que se segue, ou como outros que há espalhados por este blog. . 5* . Já a noite caiu há um bom par de horas quando o Night-Auditor sai de casa para ir para o trabalho. A noite está agradável, o céu está limpo e vêem-se as estrelas, tantas que nem se podem contar. O hotel onde agora entra, e que é do mais luxuoso que pode haver, não tem no entanto mais de cinco. Pensa de si para si que, se fosse crente (ou se fosse o Paulo Coelho) diria que Deus pôs as estrelas no céu para mostrar aos homens o quão infinitamente bom é o hotel que Ele construiu para nós, nada menos que um planeta inteiro. Luxo de cinco estrelas é o máximo que um homem pode criar, ou mesmo