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A mostrar mensagens de setembro, 2021

Domingo de votar

Eleições autárquicas, domingo de votar. Levo já o voto decidido, não guardo a escolha para depois. Escolhi logo na sexta, enquanto tomava o café na esplanada. Voto naqueles que buzinaram mais e mais alto e durante mais tempo e com a maior caravana de automóveis. Só lhes decorei a cor das bandeiras. Espero que o boletim seja a cores. Se, a bem da fazenda nacional, o boletim for a preto-e-branco, faço um-dó-li-tá. Mas em surdina. O acto é solene e impõe-se algum decoro. Numa eleição nacional, até ver, nunca fui capaz de votar em alguém. Como me chega o boletim, assim o devolvo, salvo que dobrado religiosamente em quatro e não sem antes ir para trás do biombo, guardar um segundo ou dois para despistar e só depois começar a dobragem. Isto é, com excepção dos referendos, só em autárquicas é que botei uma cruz. Mas isto sou eu, que venho de uma zona urbana, onde o distanciamento (de classe) social já era lei antes da pandemia. Quem cresce e vota numa zona menos urbanizada, testemunha vezes d

O cerco mediático: dois sinais (e uns pozinhos)

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Duas coisas há que entram pelos olhos adentro: que esta pandemia é um fenómeno eminentemente mediático; e que os media, genericamente falando, têm feito de tudo para manter o lume vivo. Isto é dizer, respectivamente, que: - não fora a acção específica da comunicação social (sobretudo a televisiva e a online) e tudo seria completamente diferente; e que - os media têm optado por noticiar (a martelo) umas coisas e calar outras (ou pelo menos dizê-las muito, muito baixinho), sem que se vislumbre nessas opções critérios de imparcialidade, objectividade ou isenção. Ao invés, o que transpira desse posicionamento é exactamente o inverso: parcialidade, subjectividade, conveniência narrativa. Isto é tudo impressão minha, não o nego. E, num tempo em que as bocas andam tão cheias de Ciência, fica mal não acompanhar estas afirmações com um estudo norte-americano (ou algo do tipo). De facto, esta treta das impressões não vale nada e importa muito pouco. São coisa arcaica, pré-científica, feita só de

O surto de Santa Cruz

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1 Um surto de COVID-19 em Santa Cruz foi hoje tema de abertura do noticiário da hora de almoço da SIC e SIC Notícias. E isto é, por si só, relativamente notório, até porque parece certo que de há umas semanas a esta parte a pandemia vem sendo secundarizada nos alinhamentos. Os tempos do monotematismo neurótico e massacrante chegaram ao fim? A tragédia afegã terá sido o princípio do fim da pandemia? De uma maneira ou de outra, o que me parece especialmente interessante neste surto de Santa Cruz é que ele encaixa como uma luva na narrativa dominante. Os novos casos terão tido origem nos contactos tidos entre jovens em festas na praia e em bares. Isto é o equivalente, nos dias que correm, a roubar a caixa de esmolas da paróquia ou a escarrar na sacrossanta bandeira nacional. De manhã eram 29, à hora de almoço eram já 33. Amanhã, só deus sabe. Há "caso", claramente. (Atente o leitor na fotografia escolhida pelo site da SIC Notícias para ilustrar a coisa. O Barthes teria uma ou d