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A mostrar mensagens de junho, 2011

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Titula o jornal q «2 dos 3 casos suspeitos em portugal não se confirmam» ca proverbial ligeireza ca não-inscrição autoriza & em larga medida alimenta. A sazonal reciclagem de surtos epidémico-virulentos, a par da repescagem dalgum dos muitos signais do "international terrorism", são duas dentre as mais-que-muitas ferramentas esgalhadas pra manter as gentes num estado d'alerta e-cono-micame-nte rentável. A própria Estabilidade Social ganha com esta merda, pá. Semelhantes notícias marcam o ritmo da dança cus nossos corpos inermes seguem irresistivelmente. Os aparelhos de tele-visão embalam-nos o espírito numa sincronização maquievélica e não há não há como negar o convite: é uma mão displicente e pálida - duma displicência e palidez sensuais - q se nos estende ao cabo de um jantar bem regado a vinho, simultaneamente desejo e imposição, e quando damos por ela nem nos passou pla cabeça uma (1) cousa tã' simples cumo: Parar Pra Pensar. Não nos é autorizado parar. Não d

Foi quando li a tua mensagem

Foi quando li a tua mensagem que decidi matar-te. Respondi-te Está combinado, amigo. Registei mentalmente a hora e o sítio que propuseste, sítio e hora em que te iria matar. Pensei Mas não vai estar ninguém conhecido para presenciar a cena e é estúpido esperar que um estranho compreenda o que te vou fazer. Ter uma testemunha era para mim imprescindível. Melhor seria convidar alguém que nos conhecesse aos dois. Sugeri então fazer-me acompanhar pela minha prima sabendo que não recusarias, ela que foi sempre do teu agrado. Lembro-me quando a viste pela primeira vez, numa ocasião em que os meus tios nos vieram visitar. Brincámos a tarde toda, com aquela certeza juvenil que o tempo não passa. No dia seguinte a eles tornarem à terra, só falavas nela. E, quando te disse que o meu tio tinha conseguido trabalho cá e que eles se iam mudar para o bairro, não contiveste a alegria. De facto, pensei, ela é a testemunha ideal. Combinei com ela, tal sítio tantas horas. De seguida, a convite do silênc

Vazio

Já abri o bloco, empunho já a esferográfica, deparo-me com a folha branca em branco, arrisco as primeiras palavras, as primeiras frases, a folha branca deixa progressivamente de estar em branco, é agora um manto de leite com irregulares traços a preto, já a folha tem a metade de cima gasta e ainda eu não sei o que fazer com ela, ainda eu não sei senão que todos os meus nervos e músculos, todos os meus impulsos cerebrais, tudo à uma me impele para escrever, escrever que ao fim e ao cabo não é senão isto, deixar palavras e letras gravadas a tinta, indiferentes ou quase, resistentes ou quase ao correr dos dias, amanhã ou para o ano posso aqui voltar, a esta folha branca que num dado momento deixou de estar em branco, a esta folha branca que aguardava este realizar, este ser que é o do papel, esta concretização de ser riscada, voltar aqui, dizia, a esta folha e, ao fazê-lo, voltar aqui, a esta esplanada fria, a esta manhã inquieta, a esta terça-feira de um junho a dar os seus primeiros pas