As barbas negras do Pai Natal

Boa, esta altura de Natal, para nos reunirmos com os nossos entes queridos e para fazermos uma pequena e simbólica troca de prendas em nome dos nossos afectos. E a passagem de ano?, que melhor altura para olharmos para o ano que fica para trás e para pensarmos em tudo o que fizemos, no que devemos melhorar, no que devemos manter; mas também para nos prepararmos para o novo ano que está aí para chegar(Não que mude alguma coisa de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro...).
E é para isto que estes dois acontecimentos servem?
Nem por sombras.
E, supostamente, é para isso que servem?
Parece-me bem que sim.
Infelizmente, nada disso se passa ou, pelo menos, só em situações excepcionais. E porquê? Andamos assim tão com as prioridades trocadas? Somos assim tão manipulados pelos principios consumistas? Será que somos assim tão fracos de espiríto que não conseguimos cagar para o status quo?...
O que acontece é que o Natal é uma época "feita para os comerciantes"(como me dizia ainda o outro dia uma amiga), em que as pessoas se vêm obrigadas a dar presentes para não parecer mal, e a passagem de ano é uma noite em que as pessoas têm de se divertir("like a New Year´s Eve party where I´m obliged to be happy"(1)), têm que ir para um sítio qualquer fashion ou, no minímo, fazer alguma merda maluca, só para depois poderem contar aos amigos - de outra forma, não são vistos como normais.
Liguei o msn e mais de metade dos nicks das pessoas que tenho na minha lista de contactos faziam referência à passagem de ano e, diga-se, era tudo naquela onda de "passagem de ano: vai ser brutal!". E se não for? - o que é bem provável... Basta ignorar isso, pensar que nada tem a ver com a antecipação exagerada e com a obrigação social intimamente ligada a essa noite, e estar descansado que, independentemente de ter corrido mal, sempre se pode dizer aos outros que fomos aqui ou ali e que até nos embebedamos todos. E pronto, ´tá-se bem.

Foda-se, abram os olhos!
(1) Silence 4 - Empty Happy Song

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