Na Lua não há vento

Há quem diga que sou anti-americano, há quem diga que tenho a mania da Teoria da Conspiração, há quem diga que critico tudo e mais alguma coisa só porque sim e porque sou "do contra"; enfim, um monte de coisas. Mas lá está, nem estão longe da verdade. O problema é o tom depreciativo que é usado... como se questionar os dogmas dos dias de hoje (repetem-se mentiras até que se transformem em verdade, boa parte das vezes) fosse coisa de maluco - "´Tás todo queimado!".
Ontem foi transmitido no canal Odisseia um documentário que analisava uma questão muito interessante, levantada por um grupo de pessoas que eu, confesso, não sei nomear: "Será que o Homem foi mesmo à Lua?". À partida, é pergunta de deixar qualquer um perplexo. Numa segunda reacção, o mais provável é que o interrogado se ria do "ridículo" da questão e abane a cabeça em sinal de desaprovação (e, consequentemente, cague e fale doutra coisa). Mas será que é uma dúvida assim tão despropositada? Tomando nada por certo, fiz-me todo ouvidos e escutei o lado do "foi à lua" e o lado do "não foi à lua", partindo do princípio que qualquer uma das opções era credível. E, no fundo, é assim que devemos estar perante todas as questões. Nunca tomando nada por certo. Certo? Em relação a se o Homem sempre foi à lua ou não, confesso que não fiquei totalmente esclarecido, apesar de o documentário ter sido concluído com uma inclinação acentuada para o "sim".
Mas nem é esse o ponto que eu quero focar. O que eu quero focar é a manipulação brutal (ou brutalmente subtil) que é feita pelos responsáveis do documentário: da parte do "sim, claro que foi à lua", os entrevistados estavam vestidos a rigor, de fato e gravata, sempre em companhia dum computador numa secretária de escritório, além de serem questionados em mega-centrais de informação; já da parte do "não, não foi à lua", os entrevistados, pobrezinhos, não passavam de velhotes sentados junto a roulotes, nem faltando o canito ao colo. E eu pergunto: em relação a imagem de credibilidade, tão fundamental aquando de debates deste género, quem sai a ganhar? E nem se coloca a questão de que foram os entrevistados que optaram pela sua própria imagem, porque isso é perfeitamente falso. Esse tipo de questão é trabalhada pelos responsáveis do documentário, em todos os aspectos. Que há manipulação, parece-me evidente; mas se defendem uma verdade, porque a fazem? Se o que dizem é verdade, para quê fazerem uso destes truques reles e desonestos?
Pegando neste pequeno pormenor, e perspectivando a real gravidade da questão e do que esta envolve, acho que devemos pôr em causa os fundamentos pelos quais nos regimos, muitos deles baseados neste tipo de acontecimento histórico. E, já agora, não é a História o registo que os que ganharam - que os que se encontravam ou encontram no poder, que os que têm a influência necessária a escreve-la - quiseram escrever? Não passa dum ponto de vista. Não é?
Será que estes fundamentos instáveis desde a sua base estão relacionados com o estado merdoso da nossa sociedade e do mundo ocidental em geral?


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