You

“Porque tu és «o povo», «a opinião pública» e «a consciência social». Já alguma vez pensaste na responsabilidade gigantesca que estes atributos te conferem, Zé Ninguém? Já alguma vez perguntaste a ti próprio se pensas correctamente, quer do ponto de vista da trajectória social onde estás inserido, quer da natureza, quer até de acordo com os actos humanos de uma figura como, por exemplo, a de Cristo?”
(Wilhelm Reich,
Escuta, Zé Ninguém!)

A Time nomeou-nos «Pessoa do Ano de 2006» anteontem [18/12/2006] (a utilidade de existir uma atribuição deste género é muito discutível, especialmente se não considerarmos o(s) eleito(s) deste ano). Rotulados de Web 2.0, vamos tendo motivos de orgulho e de preocupação, já que se é verdade que vamos sendo responsáveis pela manancial criação de cultura visual e escrita (sobretudo no youtube e na blogosfera), parece-me também que o produto dessa realidade é, muitas vezes, de qualidade duvidosa – além de que, pela (tantas vezes elogiada) velocidade a que a informação/criação é criada/transmitida/recebida, poderemos, mais uma dolorosa vez, privilegiar a produção de consumo rápido em detrimento da (desejável) promotora do nosso desenvolvimento.
Enfim, esta Era, simultaneamente “da Informação” e “do Homem Comum (ou Médio)” (etc.), tem, como todas, o seu lado bom e o seu lado mau, e é fundamental que saibamos identificar e discutir um e outro, sob pena de desperdiçarmos ainda mais as nossas potencialidades – mas note-se que, por uma questão de lógica simples, é muito mais pertinente contestar o lado mau que enaltecer o lado bom, pois além de o primeiro ser o único que precisamos mudar, não será nossa (ours!) obrigação primária protagonizar este papel participativo e interventivo?

Parabéns a “você”.


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