É muito difícil sustentar o fim do trabalho assalariado. . Isto é um labirinto visto de dentro. Nada existe além destas paredes, para lá destas paredes espelhadas. Ao fundo de uma curva, nova curva; nova curva, novo espelho. E eu e tu reflectidos neste labirinto de espelhos. O já de si curto horizonte é assim encurtado: no horizonte nada há - à mostra - além do nós-reflectido, do nós-virtual, do nós que olhamos daqui e do nós que nos olhamos acolá. Vemo-nos de fora. Somos um espectáculo a que assistimos - mas de que não nos sentimos autores. . Não digo que a saturação, frustração, etc., não sejam sentimentos comuns, partilhados, enfim, correntes entre as classes abaixadas. Mas daí a ser possível defender o fim do trabalho, daí a que consigas, primeiro, sustentar o Fim propriamente dito, e, segundo, o que para lá Dele viria, que alternativa, que organização social, que meio de sustento - bom, vai uma distância dos diabos. . Quando acordei já estas paredes me cercavam, já estes espelhos ...