Do «não» irlandês (ainda, e com atraso)

(Acontece que publico isto com, bem à vontade, ano e meio de atraso. Esqueci-me, pá!)
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Isto da democracia é do caraças. Não basta fazer de conta que, numa mágica assunção, escadote do sufrágio dito universal acima, o poder constitucionalmente popular se transfira - vuush - para os seus fiéis representantes eleitos. É preciso que a grei vote bem. Doutro modo, a democracia "fica em perigo".
Ouço a Antena Aberta, janela de participação popular numa rádio nacional. Fala neste momento uma "especialista em política internacional", a qual, conforme disse a locutora do programa, "vai ajudar os ouvintes a formarem a sua opinião". Diz a senhora especialista que isto do «não» irlandês também retrata "a falta de informação da generalidade dos europeus, no caso, os irlandeses". E achega que "esta atitude de constante impasse num contexto de crise mundial é muito prejudicial para a governabilidade da Europa". Lá está o que eu dizia: não só os europeus, em geral, e os irlandeses, em particular, são, por não votarem consoante as pretensões dos líderes, burros; como, malapata, agravam desse modo uma crise que só a eles, e nunca aos ditos líderes, afecta. Raios partam.
Realizou-se o referendo irlandês por imperativo constitucional. Acto isolado num universo de vinte-e-sete nações: o que por si só diz muito acerca das leis fundamentais dos países democráticos europeus e o garante da soberania popular.

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