Foi quê, quarta passada?, bom, não sei dizer ao certo, mas penso que sim, que foi na madrugada de quarta para quinta, um calor dos diabos, aquele sótão é um forno no verão, uma autêntica estufa, nós dois é quanto basta para pôr aquelas paredes e as minhas costas a transpirar, risquinhos a escorrer pelo estuque branco, um suor espesso a depositar-se no fundo das minhas costas, sobre o rabo desbronzeado, sobre o rabo que tem um sinal negro que tu conheces e, o que é mais curioso, gostas, escorrências espessas que parecem brotar das sancas, que descem pela curva pronunciada da coluna até aos rodapés de mosaico, que caem do topo da nuca até ao cotão acumulado junto à ficha-tripla onde ligo o candeeiro da secretária (se é que se pode chamar àquilo secretária) e o rádio de cê-dês azul e prateado que já se fartou de viajar comigo, correu já o país inteiro, de lés-a-lés, eu sei lá, aquilo já deixou de ser uma mera radiola, aquilo é já um companheiro de viagem, como tu, tu que sonhas os teus so...