Institucionalizar a guetização

Foi-me dada a ver uma pequena peça jornalística de Paulo Bastos e David Félix, enviados da TVI a Madrid, intitulada "Bem-vindos ao Guetto" (link). Ali se reporta uma nova realidade na capital espanhola: entre o bairro de Puente de Vallecas e a restante cidade, debaixo de um desses hediondos viadutos que rasgam e marcam a paisagem urbana, foi montado um posto fronteiriço. Nesse ponto, policiam-se as intenções e os motivos dos que pretendem passar. A pé, no transporte individual, no transporte público - todos têm de apresentar um salvo-conduto. Sem o documento que atesta que ali passam pelos porquês legalmente autorizados, além de simplesmente impedidos de o fazer, todos serão multados.



Estamos perante a institucionalização da guetização de um bairro que alberga cerca de 235 mil pessoas. Em Portugal ainda não se chegou a este estádio burocrático. Ainda.
 

Em Maio, Johan Giesecke, responsável sanitário sueco, alertava, em entrevista ao Público: "a maior ameaça desta epidemia é os países ficarem menos democráticos".

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