Irrompem os carrilhões
Irrompem os carrilhões. Assim – “irrompem”. Sem aviso. Como uma torrente rasgando este silêncio morno de Domingo à tarde. Uma onomatopeia vinha talvez a calhar, mas nunca – Vuu-uhh-uum – foram bem a minha praia. A sala do carrilhonista fica (acho eu) na base da torre Sul, à direita de quem encara a fachada principal do Convento. O conjunto da torre Norte é – não me lembra bem o porquê, mas sei que já ouvi contar – tosco, abrutalhado, e não permite os mesmos virtuosismos melódicos. Dará, quando muito, para chamar à missa ou tocar os finados – em alta grita. Seja como for, o homem lá está, neste instante, naquele alto ermo, rodeado de toquinhos de madeira e de ferro, onde zurze com afinco (Abel; estou que se chama Abel, o carrilhonista-mor; não me recorda já o apelido), presos a grandes cabos que sobem às alturas semi-divinas dos mil sinos e sininhos joaninos (diz que cada um tem um nome; há-de certamente ser pela proximidade à pia baptismal, pela relação próxima com os ministros do Senh...