A vacinação dos 12-15: cronologia de um processo político. Quer dizer, técnico

20 de Julho: subentende-se da «libertação» anunciada pelo primeiro-ministro que o plano de vacinação abarca as crianças entre os 12 e os 15 anos, apesar de não haver ainda orientação da DGS nesse sentido.


21 de Julho: o primeiro-ministro diz que está tudo pronto para cumprir a meta da vacinação, mas que qualquer decisão que venha da DGS, nomeadamente contra a vacinação das crianças dos 12-15 anos, é para respeitar.


Uns dias mais tarde, o vice-almirante dá especificamente a saber que a task force está pronta para vacinar todas as crianças dessa faixa etária antes do início das aulas.
Um dia ou dois depois, o primeiro-ministro faz eco da promessa na AR. Acrescenta ainda, com um sorriso, que não se antecipará à decisão da DGS.


30 de Julho: uma semana depois de ser veiculada essa mesmíssima decisão, a DGS anuncia que a vacinação para esta faixa etária é recomendada apenas para casos de crianças que tenham certas comorbilidades associadas.


No dia seguinte, numa viagem ao Brasil, o presidente afirma candidamente que a vacinação das crianças que não tenham comorbilidades associadas é uma "escolha dos pais" (link).



A directora-geral da Saúde vem esclarecer que isso não é bem assim e que é sempre necessária uma prescrição médica.


1 de Agosto: a capa do Correio da Manhã afirma, em garrafais negras, DGS LANÇA O CAOS NA VACINAÇÃO, ao lado de uma fotografia da directora-geral.


Nos dias seguintes, o primeiro-ministro e sobretudo o presidente mantêm a pressão, sugerindo que a decisão da DGS não é definitiva. O presidente elogia o caso madeirense e diz que a máscara, inicialmente, também era desaconselhada.


O vice-almirante repete que a task force está a postos, caso a decisão seja revista.


O bastonário da OM vai repetindo que discorda da orientação.
O presidente afirma que "se não há razões decisivas na saúde pública, há de natureza educativa".


9 de Agosto: o secretário-de-estado da Saúde diz que hoje é hoje e que amanhã logo se vê.
10 de Agosto: a directora-geral anuncia a revisão da orientação. Exibindo estupidamente uma folha A4, afirma que foi conhecida "nova informação" nos dias seguintes ao primeiro anúncio e que a vacinação dos 12 aos 15 anos passa a ser universal.


O presidente bate palmas.
12 de Agosto: o primeiro-ministro assegura que a ordem de vacinação da faixa etária dos 12-15 anos se tratou de uma decisão "puramente técnica".


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