Quantas crises?

“Temos que nos manter resistentes Como o Xanana Gusmão ... Mas lutar contra quem e contra quê É o que nos separa Corrupção não se vê E os novos ditadores não têm cara Para quê lutar, falar? Para quê pensar? Prefiro isolar-me deste mundo ...”
MC XEG

Está mal o nosso país – mandava, para dar o mote. Aguardaria. Certamente alguém iria reagir. Certamente concordante. Certamente iria ter mais uma hipótese de observar aquele balançar de cabeça em anuência, aquele olhar sabido, de sobrolho afectado, aquele esgar instantâneo, já repetido, representativo da impotência perante a inegável realidade. Proclamaria ainda Isto tem que dar uma grande volta. Uma pequena mudança das expressões verificar-se-ia, certamente: o aceno de cabeça seria mais pronunciado, as pálpebras ficariam levemente cerradas, as pestanas bem puxadas em arco para o meio da testa enrugada, a boca ainda emudecida de lábios quase inexpressivos, sem os cantos arrebitados. Não me quedaria por ali, insistente, e acrescentaria Que há a fazer? Certamente, iria poder observar o ar a ser expelido por entre os dentes e os lábios, as cabeças a bambolearem um pouco para trás e para um dos lados em movimento semi-circular, os olhos a ganharem aquele brilho de gozo em face da ridícula pergunta e os pescoços a relaxarem e a rebaixarem.
Toda a silhueta abateria, derrotada, predisposta a procrastinar por mais um dia, uma hora que fosse.

Perdurará a crise pela crise da reacção?

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