Apontamento sobre James Watson, "à James Watson"

James Watson é velho. E todos sabemos como são alguns velhos: teimosos, recalcados e espalhafatosos. De facto, não basta afirmar que o incontornável e incontrolável passar dos anos acarreta algum tipo de conhecimento prático, de sapiência ou, até, de rica vivência; não basta a ilusão de que a capacidade de discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, entre o bom e o mau, seja uma decorrência da monótona e imparável escorrência dos dias, das semanas, dos meses, anos e décadas, até à confortável mortalha do acrítico elogio póstumo, que admiravelmente se perpetua por superstições e maus hábitos.
Mas não só: quando, do alto do edifício Nobel, atirou que "os negros são menos inteligentes que os brancos", Watson nem parece ter reflectido sobre o que raio é isso de inteligência. Pois se inteligência for real poder de argumentação, de exposição e de raciocínio, se inteligência for ver além das vendas seculares do preconceito racial, sexual e estético – então James Watson é declaradamente não-inteligente, ou, se preferirem, rotundamente burro.
Sinceramente lhe peço: não seja elementar, meu caro Watson.

Mensagens populares deste blogue

Algo de errado se passa.

Desencontro, ou Enquanto as ervilhas cozem

Os números COVID-19: ou latos em excesso, ou inconsistentes, ou pouco consolidados