Revista de Imprensa (short version)

A notícia começa assim (link): "Um especialista em "gripe das aves" disse". Uh, promete. E continua: "Senão [sic] nos preparamos para uma pandemia, podemos ter cenários onde milhões de pessoas vão morrer". Uh, medo. E mais: ""Se não formos comunicativos, a pandemia pode estalar num qualquer lugar do mundo e chegar ao outro lado do planeta em horas", alerta". Estalar, uh.
A mediática pandemia ainda (!) está na ordem do dia, apesar de não ser pandemia coisa nenhuma - só matou 243 pessoas em cerca de dez anos, mas já foram muitos (muitos mesmo) os milhões investidos em "fundos de prevenção", "stocks de fármacos" e "conferências de especialistas". Já foi há mais de dois anos que tive oportunidade de me pronunciar sobre a coisa (
link) e a ideia mantém-se.
Ao que tudo indica, a mortífera «gripe das aves» anda a par com o obscuro «terrorismo internacional», com o ameaçador «aquecimento global» e com (isto já a nível nacional) a preocupante «onda de criminalidade violenta» (a este propósito, leia-se o artigo de 29/8 intitulado "Criminosos portugueses receiam..." da Inépcia link).
O agenda setting é uma realidade incontornável na nossa (?) «sociedade da informação». E, tendo em conta que, como quase em tudo neste mundo sobrepovoado e de mega-distribuição, as (poucas) agências noticiosas (muletas inseparáveis do jornalismo moderno) estão nas mãos duns também poucos - é razão para perguntar: qual é o objectivo desta (aparente) estratégia de medo e paranóia mediática?
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Depois do caso Paulo Pedroso e do seu "erro grosseiro", o Estado vê-se agora condenado a pagar uma indemnização a Pinto da Costa por "detenção ilegal" (link). A moral da estória não é muito complicada: não só estes senhores estão, por engenharias legais e compadrios inomináveis, sempiternamente imunes à Justiça a que o comum cidadão, com maior ou menor demora, com maior ou menor justiça, está sujeito - como ainda têm nisso uma fonte de rendimento assinalável.
A inocência de um e de outro ex-arguidos é só muito remotamente verdadeira. Mas eles aí estão, intocáveis e paradigmáticos.
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Cavaco Silva, Presidente da República, afirmou hoje que a escolaridade obrigatória deve ser "alargada" até ao 12º ano (link), pois isso é, diz o senhor, “fundamental para o desenvolvimento e progresso” do país.
Pessoalmente, acho esta proposta duma lindeza estupenda: um sistema de ensino tão impecável como este nosso tem de ser obrigatório até à idade adulta.
O futuro sorri-nos.

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