Os Mépes

A imagem é sobejamente conhecida da produção cinematográfica de Hollywood: um employee demite-se ou é demitido do seu job e logo torna ao office munido de um caixote de cartão e packs as suas stuff...
Era esta a imagem que eu trazia na cabeça hoje de manhã, enquanto rumava ao emprego para demissionariamente arrumar as minhas coisas.
Na gaveta da secretária, no meio da tralha do serviço, encontrei um pequeno recorte que tinha feito por alturas das eleições europeias de um folheto do MEP, Movimento Esperança Portugal, cuja sede é lá vizinha, na Rua da Madalena.
Rezava assim a propaganda:
"(...) Reforçar a coesão social e territorial, porque a Europa se construiu a partir da troca, da partilha e da interdependência. Nós sabemos que quando se divide multiplica-se, e esta certeza histórica, de que os mais ricos foram capazes de partilhar com os mais pobres e todos cresceram, obriga-nos a uma aposta ética e estratégica para tornar a Europa uma realidade de unidade na diversidade. (...)"
É sublime.
Não podia deixar de partilhar. E trata-se justamente de partilhar. Afinal de contas, quem é que lê estes folhetos partidários? Trechos destes, portentos do pensamento partidário nacional, perdem-se irremediavelmente e aos magotes nestas jornadas de intensa publicidade eleitoral. Quando muito, uma passagem rápida pelos bonecos, pelas letras garrafais e logo segue numa agonia o papelinho para o lixo.
Mas o MEP (e os outros) não se importa com esse legítimo reflexo, denunciador de um cansaço geral: o MEP bem sabe que o que importa, sobre tudo o mais, é transmitir uma boa imagem. E isso faz-se através da escolha de um logotipo moderno, de umas cores vivas, de um site de vanguarda e doutros artifícios que não se compadecem com os reais conteúdos do seu pseudo-programa eleitoral.
De cada vez que passava na esquina do prédio do Almada, onde, como disse, é a sede deste "movimento de esperança", o que mais me assaltava o pensamento era se esta gente realmente pensaria que, colocando nos cartazes as feias pessoas que haviam seleccionado para engrossar as suas listas, isso lhes granjearia (num toque de magia ou num arroubo de compaixão) uma imagem de seriedade e competência.
Eis ao que me refiro; é isto que está na fachada da sede do MEP:


Mal, bem o sei, é insistir em ler essa papelada colorida distribuída nos transportes.

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