"Ter a certeza das dúvidas | Por via das dúvidas saber o que achar"

A opinião chega-nos mastigada, pronta a engolir. Princípio, meio e fim (nem sempre por esta ordem) encontram-nos sentados no sofá, de olhos fixos na jaula de vidro, prevenidamente desprevenidos. Diante de nós planam pedaços entrecortados e desconexos de realidades irreais, rapidamente comentados pelos comentadores e explicados pelos explicadores. Na aparência, nível supremo da linguagem actual, tudo responde a um critério informativo. A uma só voz, eis-nos dando graças à ditosa era da informação.
Ademais, pensamos e falamos por palavras. Será porventura nesse campo que mais emporcalhadamente se sentem as dificuldades de tanto nos facilitarem a vida. As palavras, seus significados e cargas, bem como os (por assim dizer) caminhos da conversação, seus motes e bitolas, estão inquinados desde a nascente. Desmontar as opiniões que em prol do nosso superior proveito nos enfiam goela abaixo é, assim, um bico-de-obra do caraças.
Convido um tal de Raoul a dar o seu lamiré. Ele não se faz rogado. "Como conseguiremos nós ir ao cerne das palavras-chave utilizando outras palavras? Como mostrar, apoiados noutras frases, os sinais que denunciam a organização fraseológica da aparência?"
Mas concretizemos. Como conversar acerca da política nacional sem, a cada passo, resvalar nas questiúnculas dos partidos, ou ainda (e isto vai mais fundo) fazê-lo indiferentemente da agenda que esses mesmos bandos vão, nas televisões, de sobrolho franzido e gravata hasteada, determinando? Isto à laia de exemplo.
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Música, Maestro!

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