PECMAN

Não vejo como é possível criticar a subida de impostos anunciada ontem pelo Governo. São carradas de conceitos e definições inquinadas e enviezadas, profundamente enraizadas na comunicação social e nos meios de comunicação social, são pilhas e mais pilhas de comentadores e analistas políticos com interesses nem sempre obscuros, de farta credibilidade e astuta retórica, são montes e montanhas de agências de rating vindas não sei de onde, sabedoras das profundas do tesouro e finança nacional e plenas de imunidade na sua soberba, são «mercados» vagos e abstractos que - dizem - "nos pressionam", ou "nos sobem as taxas de juro", ou simplesmente desconfiam da nossa (?) idoneidade, são bolsas flutuantes e nunca como agora influentes na vida pública - é, enfim, uma imensa tempestade de areia que se abate sobre os nossos olhos. E nós de mãos atadas atrás das costas. Como, então, criticar a subida de impostos ontem anunciada? Não há como. Ao invés, nada mais elementar que defender estas medidas governamentais. A linguagem está, à imagem dos reflexos e emoções, fortemente (senão definitivamente) condicionada.
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A propósito, veio-me à memória isto.

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