Nós de nós III

Duro num contexto que é cada vez mais menos meu. Nele duro, só. Só, nele duro. Neste pretexto me endureço: desfazendo-me em pedra me faço. Emparedo-me em torre desajanelada: torre chã cheia só de tectos sós por todos os lados. Muros, muralhas, acendalhas de murros. Nós de nós.
Mas o tempo. Espero-o. Espero-lhe a passagem pelos dentros de mim, pelos meios dos nós de nós. Tempo mole em muro duro tanto tempa até que.
Há pó, se formos mobília. Há embaço, se formos espelho. Há discórdia, se formos amor. O caralho.
Fazer amor. Efectuar amor. Executar amor. Fabricar amor.
Amar. Asar. Arar. Atar. Aturar. Autorizar. Autuar. Aterrorizar. Assar. Amassar. Amarrar. Amuar. Amuralhar. Arruar. Arrotear. Arrotar. Arrostar. Arcar. Armar. Amar.
“Eu só queria Amor, Amor e mais nada.”
Tatuaste-me um dicionário inteiro nas costas do peito. E com ele agora que faço? Com ele e agora que faço? Que faço agora com ele e?

Mensagens populares deste blogue

Algo de errado se passa.

Desencontro, ou Enquanto as ervilhas cozem

Os números COVID-19: ou latos em excesso, ou inconsistentes, ou pouco consolidados