Crise, pá

Depois do reclame do hipermercado ao repique das 20:00.00, surge
catrapum catrapum catrapum
«A CRISE»!
(um fundo de gritos, aah)
As bolsas fechando em baixa, a lisbonense e as congéneres, na Óropa e nu Japão. Acodem os governos. Explanam-se planos, canalizam-se dinheiros, franzem-se sobrolhos, declaram-se preocupações à margem dalguma conferência. Logo trotam os repórteres avenida abaixo, em trinta minutos interpelam quinze transeuntes, retornam então às redacções, sete minutos para montar a peça com depoimentos de quatro dos populares, e: “vamos auscultar a rua”, ou “fomos para o terreno ouvir a população”.
Lufa-lufa, psi vinte, comentador de Economia, “discutiu a comissão parlamentar a actual conjuntura”, comentador de Política Nacional, “em estúdio temos também o Secretário de Estado da tutela”, “antes de mais, boa noite”, num repente espreita-se o brent, num pulo olha-se o barómetro, tempo de ouvir o enviado especial em Washington, agora o de Berlim, e “diz a confederação que a confiança está em queda”, “opina o instituto que o poder de compra anda pelas ruas da amargura”, “reforçou o primeiro-ministro que estão sendo tomadas todas as providências necessárias”,
plim
muda o plano, o pivot acaricia as folhas, dedilha o botão do rato, inspira um pouco mais grosso, pausa de um centésimo de segundo, imperceptível quase, e “o Futebol Clube do Porto foi ontem derrotado na Choupana por duas bolas a uma”.

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