Manif pró-descontos nas pulseiras Pandora para as clientes assim mais para o fortezitas reuniu 32 mulheres em Lisboa

Tem subido de tom a contestação das fortezinhas e das pulsudas portuguesas contra os fabricantes e revendedores das famosas pulseiras Pandora. O coro de protestos chegou hoje ao seu zénite na Praça do Comércio, onde desaguou ao começo da noite uma volumosa manifestação, tendo começado cerca das 10 horas da manhã no Marquês de Pombal e após ter cruzado toda a Avenida da Liberdade, Praça do Rossio e Rua Augusta. O movimento acabou por ganhar contornos de marcha lenta, não tanto em função do planeamento e escolha de forma da cabeça do protesto, mas, isso sim, por terem as manifestantes feito escala demorada nas inúmeras lojas que foram encontrando ao longo do percurso. Pelo caminho, as protestantes foram gritando surpreendentes e algo desarticuladas palavras de ordem como “A luta continua, descontos para os pulsos largotes na rua” ou “Pandora, Pandora, Pandora, as cheias de pulso lutam pela sua hora”. Conseguimos chegar à fala com algumas das contestatárias e recolher alguns depoimentos, sobretudo nos intervalos entre as várias lojas. Alzira Reis, uma das líderes do recentemente criado Movimento Pulso Forte, afirmou, ofegante, que “é uma vergonha, porque nós, para completarmos a nossa Pandora, precisamos de muito mais contas do que as escanzeladas”, e que, portanto, exige-se “um desconto, uma compensação qualquer” para estas clientes. Cristina Bexiga, outra das fundadores do movimento, reiterou o que a sua camarada havia dito e acrescentou, visivelmente em esforço físico por vias da carga de sacos da Zara e da Teresinha que trazia em ambas as mãos, que “há anoréticas que com duas ou três peças dão volta ao pulso, o que se traduz numa clara desvantagem comercial para a Pandora”, pretendendo demonstrar assim que existem benefícios a partilhar entre as duas partes. “Nós erguemos veementemente o pulso em nome das mulheres de braços cheiinhos e em nome das culturistas e contra a desconsideração a que temos sido votadas pela Pandora”, exclamou entre aplausos Maria José Assunção, outra das fundadoras do MPF, já no discurso final proferido em pleno Terreiro do Paço. Além dos dois grupos referidos pela falante, viram-se naquela praça muitas outras mulheres de pulsos avantajados, com destaque para as transexuais e para as saloias de buço carregado. Tentámos ouvir uma reacção por parte da Pandora ou de alguma loja revendedora, mas ora se negaram a comentar o protesto, ora remeteram uma reacção para mais tarde. Ao momento do fecho desta edição, nenhuma comunicação foi tornada pública. Na perspectiva das manifestantes, este silêncio revela uma “falta de sensibilidade ultrajante” e “indicia que ao leme da empresa se encontram somente dessas tiazinhas magricelas que almoçam queijo-fresco e jantam copos de água”. Em virtude do narrado e sua inconsequência, novos protestos estão já na agenda. Conforme foi possível apurar junto de fonte próxima da direcção do MPF, realizar-se-ão numa das seguintes zonas da capital: Saldanha e Campo Pequeno ou Parque das Nações, “pelo seu peso em termos de comércio e lojas”. Aguardam-se desenvolvimentos.
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O protesto, que reuniu algumas dezenas de mulheres, terminou no Terreiro do Paço.

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