Lista de Bardamerdas a Abater em Nome do Sacrossanto e Indefectível Bom-Senso: 3ª entrada

Em virtude das notícias trazidas a lume sob a infame parangona "Sangue só até segunda que vem" - que os ora presentes signatários desvalorizam, bem como ao seu conteúdo, na sua estética pretensamente irónica -, notícias as quais, com efeito, só evidenciam (aos olhos dos que vêm) a deplorável interpretação que o senhor Presidente do IPS faz do Direito de reunião e manifestação consagrado pelo artigo 45.º da Constituição que 1986 pariu, bem como do parcial servilismo dedicado à Ordem e aos seus executantes que tais declarações denunciam, não fosse isto um IP, Instituto Público; em virtude de ter deixado para tão tarde tão urgente apelo (a dois dias do limite), afigurando-se positivamente inverosímil que o mesmo não pudesse ter sido antecipado, e simplesmente não contemplando - por indecente - a hipótese de serem os dados ora publicados deliberadamente falsos com vista a, enfim, pressionar as dádivas; em virtude ainda das pretéritas notícias relativas à discriminação de cidadãos homossexuais enquanto dadores válidos; e, finalmente, em virtude do perfeitamente risível nome do senhor Presidente; temos que: 200
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3.º Réu: Gabriel Arcanjo Branco de Olim, 62 anos de idade, Presidente do Instituto Português do Sangue, IP.
Chamado a responder pelo que prefacia a corrente acta.
Posto perante os factos e a nota de acusação, o réu Gabriel Olim afirmou-se vilipendiado e ferido na sua credibilidade enquanto pessoa-de-bem, no que não foi de facto desmentido pelos então presentes signatários. Presente na sessão, a esposa do réu apressou-se a confirmar as palavras do querido esposo, declarando, e passamos a citar, "o Gabriel é um anjo". Aparentemente crente que aquele tipo de afirmações melhorava a situação do seu consorte, a senhora logo deu asas à sua verve, tendo a certa altura exclamado que "tanto é anjo que nem sexo tem[os]", sendo inexplicável e bruscamente interrompida no seu súbito desabafo pelo réu Arcanjo Gabriel. Visivelmente agastado, o réu injuriou vilmente os então presentes signatários, que não se fizeram rogados e replicaram na mesma moeda e com gestos obscenos das falanges. A sessão foi então descontinuada por acordo amigável.
Pelo que ora é dado ao conhecimento público, e não resistindo à tentação de apodar o réu Gabriel Olim de "Bajulador de Cabidela", os ora presentes signatários decidem, na sua menos fundamentada porém mais divertida decisão, incluir Gabriel Olim, 62 anos, na Lista de Bardamerdas a Abater em Nome do Sacrossanto e Indefectível Bom-Senso.
Lido, ratificado e assinado.

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