Sangue só até segunda que vem

O Presidente do Instituto Português do Sangue, Gabriel de Olim, veio hoje dizer que segunda-feira acabam as reservas de sangue portuguesas. Medo. Questionado pela rádio pública sobre os porquês da dramática escassez, o Presidente Olim indicou, entre outros motivos (como a proliferação telenovelística de vampiros), a recente greve dos enfermeiros.
Confrontados com esta intrigante afirmação, fomos investigar a fundo esta matéria. Colocámos diversos espiões no terreno (com nomes de código inspirados na fauna marítima, como Lula ou Taínha), recolhemos umas dúzias de escutas telefónicas (que, além do mais, se revelam sempre um frutuoso investimento) e realizámos nada menos que doze inquéritos telefónicos (que apresentam uma margem de erro média na casa dos 0,02%). Juntámos todas as pontas soltas e chegámos ao seguinte quadro: os maquievélicos Enfermeiros Portugueses, em obediência militar às ordens dos seus pérfidos Sindicatos (que se reúnem em caves iluminadas com tochas e sacrificam pequenos mamíferos), foram informando as centenas de milhar de incônscios dadores de sangue que foram acorrendo aos centros hospitalares um pouco por todo o país que naquele dia em particular (fosse qual dia fosse) não era possível fazer a recolha, sugerindo logo de seguida que voltassem no dia 29 de Janeiro. Esta situação terá ocorrido desde meados de Novembro, princípios de Dezembro, segundo afirmou fonte próxima do... de... errm... da coisa. Os dadores, assim iludidos nos seus nobres intentos, e cumprindo civicamente com as instruções dadas pelos Enfermeiros Portugueses, tornaram para a dádiva no indicado dia 29 de Janeiro. Qual não terá sido o espanto dos incrédulos retornados ao baterem com o nariz na porta, onde um papelito indigno anunciava: Greve!
Inquirimos de pronto o maléfico Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que, no entanto, se escudou num silêncio denunciador. De resto, este sindicato tentou por todos os meios que estas novas não chegassem ao conhecimento público, tendo inclusive recorrido à Providência Cautelar da praxe. Tudo se revelou obviamente inútil perante a nossa inflexível defesa pelo direito às constitucionais Liberdades de Expressão e de Imprensa.

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