A consagração do Pacote

Caríssimos Colegas,

Quando aqui há dias a Vós me dirigi estava longe de prever a aguçada pontaria do meu discurso; estava longe de imaginar que o Sinal Divino que o nosso bem-amado sector, nossa segunda casa, havia recebido estivesse praticamente em ponto de rebuçado. Então não é que «A Esperança» venceu? Então não é que a «Ode ao Pacote Turístico» vingou?
O futuro do Turismo, sopradas para longe as trevas da incerteza e obscuridade, apresenta-se agora risonho e aconselhável - quase me atreveria a dizer comestível.
Este fenómeno que quis a Fortuna cruzasse nossa rota é o marco derradeiro da dúvida e do medo. Doravante, com esta Estrela a estrelejar na lapela dos blazers das nossas escovadas fardas, com esta Luz a iluminar a corajosa caravana dos nossos queridos players e stakeholders, com esta Musa capaz de inspirar o mais árido dos nossos hospitality managers - nada porá travão ao Progresso do nosso ditoso destino [turístico], ninguém ousará gelar a nossa vocação maior, pois que os Deuses providenciaram esta Profeta do bem-receber e do bem-servir.
Apelo porém à Vossa condescendência. Não resisto a aventar uma abusiva colagem à avaliação sumária de um campo de golfe. (Presto assim a minha sentida homenagem à excelência do objecto do presente artigo, associando-o a um dos produtos em que a nossa ilustrada Pátria mais brilhantemente se destaca.) Pois então vejamos: o seu layout é de nível superior; em termos de upkeep, os custos são visivelmente reduzidos e vantajosos; no que concerne a facilidades, estão, a priori, todas garantidas; apesar de não dispor de 18 buracos, sequer 9, o circuito atrairá muitos amantes desta prática; finalmente, as competências no que toca a línguas estão sobejamente documentadas.
Por tudo isto, vemos reforçados os nossos motivos de alegria e orgulho e, consequentemente, as nossas responsabilidades e deveres enquanto rodas dentadas desta soberba engrenagem.
Para finalizar esta missiva de carácter - não o escondo - vincadamente corporativista, devo assinalar que anseio vivamente pela presença desta Santa na capa da próxima edição da RT&D.
Despeço-me, não sem antes assinalar que a realização destes dois trabalhos foi para mim muito gratificante.
Saudações cordiais e desejos de boas gorjetas.
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Bibliografia:
BUHALIS, Dimitrios, 2003, Sex and tourism: a practical viewpoint, Managing Service Quality, Vol. 10, pp. 144-169.
COOPER, Chris, 2002, Sexy recepcionists as a major boost to touristic consumption, Tourism Management, Vol. 22, pp. 669-701.
COSTA, Carlos, 2006, A sustentabilidade do Decote Cavado: o caso de Armação de Pêra, Revista Turismo & Desenvolvimento, n.º 5, pp. 6-9.
CUNHA, Licínio, 2001, Introdução ao Turismo, Editora Papagaio, Lisboa.
INE, 2008, Calendário Belas & Perigosas Região Centro 2007, INE, Coimbra.
MILHEIRO, Eva, 2008, O Pecado Original, IPP, Portalegre.

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